
METODOLOGIA
Para analisar a cobertura do coronavírus feita pela Folha e pelo Estadão, foi necessário construir uma base de dados própria, alojada em nuvem por meio da plataforma Google Sheets. A planilha contempla quatro períodos de tempo, estabelecidos com a intenção de observar possíveis adaptações na abordagem dos jornais frente à progressão da epidemia e a eventos políticos. São eles:
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Período 1 (P1): de 26 de fevereiro a 3 de março;
Sete dias a partir do primeiro caso confirmado de COVID-19 no Brasil
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Período 2 (P2): de 4 a 10 de abril;
Sete dias a partir de 10 mil casos confirmados de COVID-19 no Brasil
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Período 3 (P3): de 3 a 9 de maio;
Sete dias a partir de 100 mil casos confirmados de COVID-19 no Brasil
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Período 4 (P4): de 31 de maio a 6 de junho.
Sete dias a partir de 500 mil casos confirmados de COVID-19 no Brasil¹⁴
Todo conteúdo digital destes quatro períodos foram analisados e selecionados a partir dos seguintes critérios:
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Pauta: direta ou indiretamente relacionada ao coronavírus;
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Formato: majoritariamente em formato de texto;
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URL: ligada à URL principal do site;
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Identidade visual: a mesma da página principal do site;
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Idioma: apenas publicações em português.
Um dos desafios desta pesquisa foi a arquitetura dos sites de jornalismo. Veículos tradicionais, com raízes no impresso, importaram para seus sites alguns elementos do formato anterior, como as editorias. Porém, com o crescimento do digital, novas seções foram criadas para os sites. Algumas das novas seções abarcam pautas similares ou idênticas àquelas tratadas em seções antigas, enquanto outras têm identidade visual e URL tão distintas que parecem independentes do veículo.
Essa característica resultou em uma arquitetura de site complexa de se analisar. A solução escolhida foi levar em consideração justamente a identidade visual e a URL das editorias durante a seleção. Além disso, as editorias que cumprem todos os critérios citados e tratam de temas próximos foram unificadas. Um bom exemplo é a Ilustrada, Ilustríssima e Cultura, três editorias que existem na Folha digital e que têm foco em diversos tópicos culturais — por isso, nesta pesquisa, os conteúdos publicados nelas são classificados como Cultura.
Ao passo que os critérios estabelecidos deram maior coesão à base de dados, eles também causaram algumas perdas que devem ser apontadas. No Estadão, por exemplo, a única editoria que trata de pautas da área de tecnologia chama-se Link, que não cumpre todos os requisitos, logo não foi contabilizada.
Foram desconsiderados os conteúdos das seções abaixo:
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Estado de S. Paulo: Link, EMAIS, E-Investidor, Paladar, Fotos, Infográficos, Podcasts, #Fera, Jornal do Carro;
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Folha de S.Paulo: F5, Fotofolha, Agora, Guia Folha, Podcasts, O Melhor de São Paulo e TV Folha.
A única exceção a tais critérios foi o BR Político, que pertence ao Grupo Estado. O veículo tem o seu conteúdo divulgado dentro da editoria de Política do Estadão digital e é comandado pelos jornalistas Vera Magalhães e Marcelo de Moraes, dois famosos colunistas do Estadão. O BR Político se tornou uma exceção por ter uma quantidade expressiva de publicações nos períodos analisados, ao contrário das editorias desconsideradas, o que o torna responsável por uma grande parcela do conteúdo de política do Estadão.
A partir das diretrizes, as seguintes informações de cada conteúdo foram coletadas e catalogadas:
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Data de publicação;
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Editoria principal;
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Subeditoria, quando aplicável;
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Título;
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URL.
Após finalizada a coleta, foram extraídos diversos dados numéricos da planilha com o objetivo de identificar padrões, discrepâncias e semelhanças entre os dois veículos. Por fim, os dados numéricos foram transformados em gráficos para facilitar a compreensão da análise.
A base de dados, assim como as tabelas criadas, podem ser acessadas aqui.